sexta-feira, 21 de agosto de 2015

S.PIO X: Para mais a fundo conhecermos o modernismo e o mais apropriado remédio acharmos para tão grande mal, cumpre agora indagar algum tanto das causas donde se originou : a causa próxima e imediata é a aberração do entendimento. As remotas, reconhecemo-las duas: o amor de novidades e o orgulho. O amor de novidades basta por si só para explicar toda a sorte de erros.

S.PIO X, a eleição de um santo . Foi há 112 anos a sua coroação. A atitude pessoal de São Pio X para com os modernistas.

S.PIO X, a eleição de um santo . Foi há 112 anos a sua coroação. A atitude pessoal de São Pio X para com os modernistas.

Giuseppe Sarto, a eleição de um santo  

Leia antes o primeiro e segundo posts da série.

As razões por trás da eleição

São Pio X, rogai por nós!A eleição de um cardeal ao Sumo Pontificado é sempre o resultado de muitas considerações, políticas e espirituais. Se Sarto foi eleito, é porque havia um amplo acordo quanto a seu nome. Não que uma grande maioria de cardeais compartilhavam a mesma visão sobre ele, mas, antes, havia um acúmulo das várias razões que eles individualmente tinham para querê-lo como Papa. Gianpaolo Romanato assim resumiu estes motivos:
O Patriarca de Veneza parecia ser a pessoa mais satisfatória. Seus traços biográficos representavam uma espécie de garantia. Ele era um homem do povo, muito humilde, e não da nobreza; havia nascido não nos Estados Papais, mas no Reino da Lombardia-Venécia; ele nunca servira como diplomata pontifício; era um homem discretamente culto, mas não um intelectual; passara toda a sua carreira na cura das almas; era de conhecimento geral que, se necessário, ele sabia mandar e fazer-se obedecido. Além do mais, era conhecido por sua profunda piedade; totalmente distante dos lobbies romanos e desprovido de interesses pessoais. Por último, mas não menos importante, ele tinha exatamente a idade certa (68) para dar a todos as necessárias garantias de discernimento e prudência”. [Romanato, “Pio X: profile storico”, in Sulle orme di Pio X, p. 13.]  LER...


Há 112 anos, a coroação de São Pio X.

Em todos os detalhes, o ritual de uma cerimônia hoje simplificada em missa de entronização.
piox3Por Les temps | Tradução: Fratres in Unum.com – 10 de agosto de 1903: « […] O Papa, acompanhado dos cardeais, do pessoal da Corte Pontifícia, dos Guardas Nobres e dos Guardas Suíços, apareceu às 8:30 no pórtico da Basílica. Diante da Porta Santa, Pio X, revestido das vestes pontificais, usando a mitra, está sentado no trono. Os cardeais assentam-se em bancos especiais. Rampolla, Cardeal Arcipreste da Basílica, acompanhado do capítulo e do clero, profere em latim o discurso de costume ao novo Papa. Pio X, em seguida, admite o capítulo e o clero para beijar os múleos. Enquanto isso, o coro da Capela Sistina canta o Tu es Petrus. O Papa, então, é elevado na sede gestatória, rodeado pelos flabelos e precedido pelos dignitários e cardeais. Ele ingressa às 9:30 na Basílica pela porta central. É acolhido pela aclamação da multidão enquanto que da loja da bênção soam as trombetas de prata. A Guarda Palatina presta as honras. O Papa dá sua bênção e faz sinal com a mão para que se fizesse silêncio e parassem as aclamações. Diante do altar do Santíssimo Sacramento, o Papa desce de sede gestatória. Ele permanece alguns minutos em adoração diante do Santíssimo Sacramento, exposto de forma solene. Todos os cardeais ajoelhados formam como que uma coroa em torno dele. A cena é magnífica. ler…


A atitude pessoal de São Pio X para com os modernistas.

Na festa de São Pio X, pedimos a intercessão de tão insígne Pontífice para que imitemos o seu exemplo de caridade e zelo.
Desde sua primeira encíclica, Pio X urgia por caridade mesmo para com “aqueles que se nos opõem e perseguem, vistos, talvez, como piores do que realmente são”. Esta caridade não era um sinal de fraqueza, mas estava fundamentada na esperança: “a esperança”, escreveu o Papa, “de que a chama da caridade Cristã, paciente e afável, dissipará as trevas de suas almas e trará a luz e a paz de Deus”.
Pio X também tinha sua esperança – de ver os adversários da Igreja emendando seus caminhos e renunciando seus erros – no que diz respeito aos modernistas.
Os testemunhos que citaremos o provarão de maneira incontestável. Mas Pio X fez mais: discretamente  deu assistência financeira a alguns deles ou lhes arranjou outros ofícios; em outros casos, mostrou-se prudente antes de condená-los. Era esta generosidade, nada excepcional, incompatível com sua determinação na luta contra o modernismo? Como pode o mesmo homem que impõe sanções, depõe clérigos, excomunga, simultaneamente mostrar-se caridoso e contido? Durante o processo de beatificação, o Promotor da Fé apresentou uma série de objeções; uma delas era: “Sejamos francos: a questão, a única questão que, a meu ver, parece se levantar neste grande inquérito, é saber se Pio X, em sua luta contra o modernismo, ultrapassou as fronteiras da prudência e da justiça, particularmente em seus últimos anos…” [Novae Animadversiones, citado em Conduite de s. Pie X, p. 14] A isso, o Postulador da Causa respondeu com um volumoso dossiê de mais de 300 páginas no qual mostrava que Pio X era “firme em seus princípios, correto em suas intenções e paciente e afável com aqueles com quem lidava, mesmo se tivesse razões justas para expressar sua angústia por causa deles”. [Ibid., p. 20]ler...

Bento XVI : São Pio X intervém decisivamente condenando o “Modernismo”, para defender os fiéis de concepções errôneas e promover um aprofundamento científico da Revelação em consonância com a Tradição da Igreja.

Bento XVI : O pontificado de S. Pio X deixou uma marca indelével na história da Igreja e foi caracterizado por um notável esforço de reforma, resumido no lema Instaurare omnia in Christo, “renovar todas as coisas em Cristo”. No Motu Proprio Tra le sollecitudini (1903, primeiro ano de seu pontificado), afirma que o verdadeiro espírito cristão tem a sua primeira e indispensável fonte na participação activa nos santos mistérios e na oração pública e solene da Igreja . Por isso, recomendou a aproximação frequentemente dos sacramentos, favorecendo a frequência diária, bem preparada, à Sagrada Comunhão e antecipando oportunamente a primeira Comunhão das crianças em torno dos sete anos de idade, “quando a criança começa a raciocinar”. Fiel à missão de confirmar os irmãos na fé, São Pio X, diante de algumas tendências que se manifestaram no âmbito teológico no final do século XIX e início do século XX, intervém decisivamente condenando o “Modernismo”, para defender os fiéis de concepções errôneas e promover um aprofundamento científico da Revelação em consonância com a Tradição da Igreja.

 

Catequese do Papa Bento XVI sobre São Pio X.

  
Giuseppe Melchiorre Sarto, São Pio X
Giuseppe Melchiorre Sarto, São Pio X
Queridos irmãos e irmãs!
Hoje gostaria de me concentrar na figura do meu predecessor São Pio X, cuja memória litúrgica comemora-se no próximo sábado [ndr: no calendário tradicional comemora-se em 3 de setembro], destacando algumas características que podem ser úteis aos pastores e os fiéis do nosso tempo.
Giuseppe Sarto, assim se chamava, nasceu em Riese (Treviso), em 1835, de uma família de camponeses e, depois de estudar no Seminário de Pádua, foi ordenado sacerdote aos 23 anos. No começo, foi vice-pároco em Tombolo, depois pároco em Salzano, posteriormente cônego da catedral de Treviso, com o cargo de chanceler episcopal e diretor espiritual do Seminário diocesano. Naqueles anos de rica e generosa experiência pastoral, o futuro Pontífice mostrou aquele amor a Cristo e à Igreja, aquela humildade e simplicidade e aquela grande caridade para com os mais necessitados, que foram características de toda a sua vida. Em 1884, foi nomeado bispo de Mântua e, em 1893, Patriarca de Veneza. Em 04 de agosto de 1903 foi eleito Papa, ministério que aceitou com hesitação, porque não se considerava digno de um dever tão alto.
O pontificado de S. Pio X deixou uma marca indelével na história da Igreja e foi caracterizado por um notável esforço de reforma, resumido no lema Instaurare omnia in Christo, “renovar todas as coisas em Cristo”.
Suas intervenções, de fato, envolviam os diversos âmbitos eclesiais. Desde o início, dedicou-se à reorganização da Cúria Romana; em seguida, deu início aos trabalhos de redação do Código de Direito Canônico, promulgado pelo seu sucessor, Bento XV. Promoveu, posteriormente, a revisão dos estudos e do “processo” de formação dos futuros sacerdotes, fundando também vários seminários regionais, equipados com boas bibliotecas e professores preparados.
Outra área importante foi a de formação doutrinal do Povo de Deus. Ainda nos anos em que era pároco tinha redigido um catecismo e durante o episcopado em Mântua trabalhou a fim de que se alcançasse um catecismo único, se não universal, ao menos italiano.
Como autêntico pastor, havia compreendido que a situação da época, até pelo fenómeno da emigração, tornava necessária um catecismo ao qual todos os fiéis pudessem se referir, independentemente do local e das circunstâncias de vida. Como Pontífice, preparou um texto da doutrina cristã para a diocese de Roma que se difundiu por toda a Itália e mundo. Este Catecismo chamado “de Pio X” foi, para muitos, um guia seguro no aprendizado das verdades da fé em linguagem simples, clara e precisa, e pela eficácia expositiva.
Dedicou considerável atenção à reforma da liturgia, especialmente da música sacra, para conduzir os fiéis a uma vida de oração mais profunda e a participação mais plena nos sacramentos.
No Motu Proprio Tra le sollecitudini (1903, primeiro ano de seu pontificado), afirma que o verdadeiro espírito cristão tem a sua primeira e indispensável fonte na participação activa nos santos mistérios e na oração pública e solene da Igreja (cf. ASS 36 [ 1903], 531). Por isso, recomendou a aproximação frequentemente dos sacramentos, favorecendo a frequência diária, bem preparada, à Sagrada Comunhão e antecipando oportunamente a primeira Comunhão das crianças em torno dos sete anos de idade, “quando a criança começa a raciocinar” (cfr. S. Congr. de Sacramentis, Decretum Quam singulari : AAS 2[1910], 582).
Fiel à missão de confirmar os irmãos na fé, São Pio X, diante de algumas tendências que se manifestaram no âmbito teológico no final do século XIX e início do século XX, intervém decisivamente condenando o “Modernismo”, para defender os fiéis de concepções errôneas e promover um aprofundamento científico da Revelação em consonância com a Tradição da Igreja. Em 07 de maio de 1909, com a Carta Apostólica Vinea electa, fundou o Pontifício Instituto Bíblico. Os últimos meses de sua vida foram marcados pelo fulgor da guerra. O apelo aos católicos do mundo, lançado em 02 de agosto de 1914 para expressar “a amarga dor” da hora presente, era o grito de sofrimento do pai que vê os filhos se enfileirarem uns contra os outros. Morreu pouco tempo depois, em 20 de agosto, e sua fama de santidade começou a se espalhar rapidamente entre o povo cristão.
Queridos irmãos e irmãs, São Pio X nos ensina a todos que na base da nossa atividade apostólica, nos vários campos em que atuamos, deve sempre haver uma íntima união pessoal com Cristo, a cultivar e crescer dia após dia. Este é o núcleo de todo o seu ensinamento, todo o seu empenho pastoral. Somente se estivermos apaixonados pelo Senhor seremos capazes de levar os homens a Deus e abrir a eles o Seu amor misericordioso, e, assim, abrir o mundo à misericórdia de Deus.
Saudação em língua portuguesa:
A minha saudação a todos os peregrínos víndos do Brasil, de Portugal e demais países lusófonos, com uma bênção particular pára os alúnos do Seminário do Verbo Divino, de Tortoséndo: na vossa formação, empenhái-vos em seguír o exemplo dos grándes pastores como São Pio X, sendo sempre humildes e fiéis servidores da Verdade. Que Deus vos abençóe!
Visto em: Fratres in Unum

SAN PIO X santo anche nella dura lotta per difendere la Chiesa dagli errori dei modernisti

SAN PIO X santo anche nella dura lotta per difendere la Chiesa dagli errori dei modernisti


 Giuseppe Melchiorre Sarto, São Pio X

SACRA RITUUM CONGREGATIO
SECTIO HISTORICA



pag.

[Premessa]
III
1. Le difficoltà
IV
2. Le ricerche fatte dalla Sezione Storica
VIII
3. Il Sommario addizionale e ladocumentazione addotta
IX
4. I risultati che scaturiscono dalSommario addizionale
1) Osservazioni previe
XIII
2) La stampa nella lotta modernista e la linea di condotta del Servo di Dio
XV
3) Il Modernismo a Milano e il caso del Card. Ferrari
XX
4) Il Servo di Dio e il Sodalitium Pianum di Mons. Benigni
XXII
5) Atteggiamento del Servo di Dio con varie persone sospette di Modernismo
XXV
5. Conclusione
XXX
  

127
[Introduzione generale]
129
§ 1 - I personaggi in questione
130
§ 2 - Il Modernismo a Milano
132
§ 3 - Atteggiamento di Pio X nella controversia Scotton-Milano
133
1. Relazione dei Card. Ferrari sul Modernismo, 10 genn. 1909
135
2. Verbale della Commissione di Vigilanza, 18 dic. 1908
139
3. Lettera del Card. De Lai al Card. Ferrari, 30 genn. 1909
143
4. Lettera di Pio X al Card. Ferrari, 27 febbr. 1910
144
5. Il sac. Fontana rifiuta il giuramento antimodernistico, 14 dicembre 1910
146
6. Trafiletto della Riscossa, 17 dicembre 1910
147
7. Reazione a Milano e lettera del Card. Ferrari al Card. De Lai, 4 gennaio 1911
148
8. Risposta del Card. De Lai al Card. Ferrari, 9 genn. 1911
152
  9. Sviluppo della controversia Scotton-Milano, 9 gennaio -12 febbraio 1911
157
10. La Santa Sede impone silenzio, 12 febbraio 1911 
162
11. Ulteriore sviluppo, 12 febbraio-1 marzo 1911
163
12. Lettera del Card. De Lai al Card. Ferrari, 1 marzo 1911
168
13. Fase transitoria della controversia, 1-28 marzo 1911
171
14. Intervento di Pio X e conclusione, 28 marzo-13 maggio 1911
176
a) Lettera di Pio X al Card. Ferrari, 28 marzo 1911
177
b) Risposta del Card. Ferrari al S. Padre, 3 apr. 1911
180
c) Estratto del discorso del Card. Ferrari ai Seminaristi di Milano, 14 aprile 1911
183
d) Lettera di Pio X al Card. De Lai, 4 maggio 1911
188
e) Lettera del Card. De Lai al Card. Ferrari, 5 maggio 1911
189
f) Lettera del Card. Ferrari al Card. De Lai, 9 maggio 1911
192
g) Lettera di Pio X al Card. De Lai, 12 maggio 1911
192
h) Lettera del Card. De Lai al Card. Ferrari, 13 maggio 1911
194
15. Conclusione della controversia
194
[Introduzione generale]
196
§ I - Mons. Umberto Benigni (1862-1934)
197
§ II - Il Sodalitium Pianum
204
1. Origine del Sodalitum Pianum
206
2. Idea primitiva
207
3. Funzionamento concreto
208
1) Roma: direzione, dieta, segreteria
208
2) Fuori: membri, collaboratori, Conferenza S. Pietro
209
3) Servizio ordinario e straordinario
213
4) Attività collaterali
214
5) Secreto, cifrario, il «complotto» modernista, il «controcomplotto»
225
6) Indiziati, denunziati
231
7) Finanziamento
233
8) Amici e fautori
234
9) Avversari e accuse
234
4. Riassunto e giudizio complessivo
237
5. S. Pio X e il Sodalitium Pianum
238
  

http://www.floscarmeli.org/disquisitio/

Jean Guitton - 1992: "Quando eu releio os documentos relativos ao modernismo tal como foi definido por São Pio X, e os comparo aos documentos do Concílio Vaticano II...

Jean Guitton - 1992: "Quando eu releio os documentos relativos ao modernismo tal como foi definido por São Pio X, e os comparo aos documentos do Concílio Vaticano II, não posso deixar de ficar desconcertado. Porque aquilo que foi condenado como uma heresia em 1906 foi proclamado como sendo e devendo ser, de agora em diante, a doutrina e o método da Igreja. Dito de outra forma, os modernistas de 1906 me aparecem como precursores. Meus mestres dele faziam parte. Meus pais mo ensinaram. Como Pio X pôde repelir aqueles que hoje me aparecem como precursores?"

 

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Marcelo Fedeli

"Quando eu releio os documentos relativos ao modernismo tal como foi definido por São Pio X, e os comparo aos documentos do Concílio Vaticano II, não posso deixar de ficar desconcertado. Porque aquilo que foi condenado como uma heresia em 1906 foi proclamado como sendo e devendo ser, de agora em diante, a doutrina e o método da Igreja. Dito de outra forma, os modernistas de 1906 me aparecem como precursores. Meus mestres dele faziam parte. Meus pais mo ensinaram. Como Pio X pôde repelir aqueles que hoje me aparecem como precursores?"

(Jean Guitton - 1992)

O Concílio Vaticano II é unanimemente reconhecido como o maior acontecimento da história da Igreja, quiçá do mundo, do século passado. Isso porque ele introduziu na Igreja, bem como no relacionamento da Igreja com o mundo, e com todas as religiões, uma nova mentalidade, nunca antes apregoada pelos Papas.

Muito se escreveu, se escreve e se discute, sobre essa nova mentalidade, quer a seu favor, quer contra. Isso é inegável.

A mais grave imputação ao Vaticano II é que, através dos seus documentos pastorais, ele adotou e implantou na Igreja, a doutrina e o método do Modernismo, condenados particularmente pelo Papa S. Pio X em 1907. Fundamentalmente, todas as discussões sobre este último Concílio, giram ao redor deste tema.

Tal grave imputação é verdadeira ou falsa?

Vimos, nestes artigos, que Jean Guitton, além de pretender dar diretrizes ao Papa João XXIII para o Concílio, também dele participou, do início ao seu encerramento.

Ora, sendo Guitton considerado o maior filósofo católico do século XX, amigo íntimo de Paulo VI, conselheiro de João XXIII, presente nas sessões do Vaticano II e, evidentemente, conhecedor da doutrina do Modernismo, nada mais justo que ouvir seu conceito sobre tão grave acusação.

E, graças a Deus, Guitton no-lo apresenta, em objetivo e claro resumo, e por escrito, em 1992, ou seja, 27 anos após o encerramento daquele Concílio, portanto com tempo razoável para maturar e melhor formular seu valioso conceito de filósofo-católico, sobre aquela importante questão.

E o que afirmou Jean Guitton sobre o Modernismo e o Concílio Vaticano II?

Em 1992, sobre tão grave tema, Guitton assim resumiu seu conceito:

«Mas hoje, o que chamamos de modernismo em história religiosa, tem um sentido muito particular. Com este nome designamos uma doutrina e um movimento que foram condenados pelo Papa Pio X, através da encíclica ‘Pascendi’. O Papa Pio X – que foi canonizado – designa o modernismo como uma heresia que tem duplo aspecto: o de ser uma síntese, uma soma de todas as heresias, e o de se esconder traiçoeiramente no interior da Igreja.

(...) E eu desejo me exprimir livre e claramente sobre este assunto.

Quando eu releio os documentos relativos ao modernismo tal como foi definido por São Pio X, e os comparo aos documentos do Concílio Vaticano II, não posso deixar de ficar desconcertado. Porque aquilo que foi condenado como uma heresia em 1906 foi proclamado como sendo e devendo ser, de agora em diante, a doutrina e o método da Igreja. Dito de outra forma, os modernistas de 1906 me aparecem como precursores. Meus mestres dele faziam parte. Meus pais mo ensinaram. Como Pio X pôde repelir aqueles que hoje me aparecem como precursores?»

(Cfr. Portrait du Père Lagrange, Jean Guitton, Éditions Robert Laffont, Paris, 1992, p. 55-56. A tradução é nossa. Vide texto original abaixo*)

Parecer mais claro, impossível!

Faríamos só uma observação quanto à última frase de Guitton — «Como Pio X pôde repelir aqueles que hoje me aparecem como precursores?» — cronologicamente invertida por Jean Guitton, e objetivamente, não bem precisa.

Assim, cronologicamente, e mais precisamente, usando os mesmos termos de Guitton, e sem alterar o seu sentido original, a pergunta seria melhor colocada da seguinte forma: Como o Concílio Vaticano II pode estabelecer o Modernismo, cujas doutrinas e precursores foram condenados pelo Papa S. Pio X?

De qualquer forma, o conceito de Jean Guitton sobre o Concílio Vaticano II e o Modernismo, por ele «clara e livremente expresso», como ele mesmo diz, é que «o que foi condenado como uma heresia em 1906 (o Modernismo) foi proclamado como sendo e devendo ser, de agora em diante (a partir do Concílio Vaticano II), a doutrina e o método da Igreja».

Portanto, para Jean Guitton, desde 1965 até 1992, pelo menos, a Igreja vem seguindo a doutrina e o método do Modernismo, condenados por S. Pio X.

Marcelo Fedeli
Setembro de 2002

* Texto original (em francês) de Guitton.

« Mais de nos jours, ce qu’on appelle modernisme en histoire religieuse a un sens très particulier. On appelle de ce nom une doctrine et un parti qui ont été condamnés par le pape Pie X dans l’encyclique Pascendi. Le pape Pie X — qui a été canonisé — désigne le modernisme comme une hérésie qui a un double caractère : celui d’être une synthèse, une somme de toutes les hérésies, et celui de se cacher à l’interieur de l’Église comme une trahison.

Faz 105 anos que S.PIO X promulgou a Carta Apostólica "NOTRE CHARGE APOSTOLIQUE "Sobre os erros do Sillon

Faz 105 anos que S.PIO X promulgou a Carta Apostólica "NOTRE CHARGE APOSTOLIQUE "Sobre os erros do Sillon SAN PIO X santo anche nella dura lotta per difende... o San Pio X denuncia i preti modernisti o Para S. Pío X el modernismo era la síntesis de tod... o CATECHISMO MAGGIORE DI SAN PIO X o la messe sacrifice et don de Dieu o Today Pope Saint Pius X o 21 de Agosto - San Pio X : Instaurare Omnia in C...  


S.PIO X: Para mais a fundo conhecermos o modernismo e o mais apropriado remédio acharmos para tão grande mal, cumpre agora indagar algum tanto das causas donde se originou : a causa próxima e imediata é a aberração do entendimento. As remotas, reconhecemo-las duas: o amor de novidades e o orgulho. O amor de novidades basta por si só para explicar toda a sorte de erros.



S.PIO X , II ª PARTE AS CAUSAS DO MODERNISMO : Não há duvidar que a causa próxima e imediata é a aberração do entendimento. As remotas, reconhecemo-las duas: o amor de novidades e o orgulho. O amor de novidades basta por si só para explicar toda a sorte de erros. Contudo, o orgulho tem muito maior força para arrastar ao erro os entendimentos; e é o orgulho que, estando na doutrina modernista como em sua própria casa, aí acha à larga de que se cevar e com que ostentar as suas manifestações.Efetivamente, o orgulho fá-los confiar tanto em si que se julgam e dão a si mesmos como regra dos outros. Por orgulho loucamente se gloriam de ser os únicos que possuem o saber, e dizem desvanecidos e inchados: Nós cá não somos como os outros homens. E, de fato, para o não serem, abraçam e devaneiam toda a sorte de novidades, até das mais absurdas. Por orgulho repelem toda a sujeição, e afirmam que a autoridade deve aliar-se com a liberdade.Para se chegar ao modernismo não há, com efeito, caminho mais directo do que o orgulho. Se algum leigo ou também algum sacerdote católico esquecer o preceito da vida cristã, que nos manda negarmos a nós mesmos para podermos seguir a Cristo, e se não afastar de seu coração o orgulho, ninguém mais do ele se acha naturalmente disposto a abraçar o modernismo! Todos os modernistas que pretendem ser ou parecer doutores na Igreja, exaltando em voz clamorosa a moderna filosofia e desdenhando a Escolástica, abraçaram a primeira, iludidos pelo seu falso brilho, porque, ao ignorarem completamente a segunda, careceram dos meios convenientes para reconhecerem a confusão das idéias e refutar os sofismas. Procuram conseguir cátedras nos seminários e nas Universidades, para tornarem-se insensivelmente cadeiras de pestilência. Inculcam as suas doutrinas, talvez disfarçadamente, pregando nas igrejas; expõem-nas mais claramente nos congressos; introduzem e exaltam-nas nos institutos sociais sob o próprio nome ou sob o de outrem; publicam livros, jornais, periódicos.

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CARTA ENCÍCLICA
DO SUMO PONTÍFICE
PIO X
PASCENDI DOMINICI GREGISSOBRE
AS DOUTRINAS MODERNISTAS


Para mais a fundo conhecermos o modernismo e o mais apropriado remédio acharmos para tão grande mal, cumpre agora, Veneráveis Irmãos, indagar algum tanto das causas donde se originou e porque se tem desenvolvido. Não há duvidar que a causa próxima e imediata é a aberração do entendimento. As remotas, reconhecemo-las duas: o amor de novidades e o orgulho. O amor de novidades basta por si só para explicar toda a sorte de erros. Por esta razão o Nosso sábio predecessor Gregório XVI, com toda a verdade escreveu (Encicl. "Singulari Nos" 7/07/1834): «Muito lamentável é ver até onde se atiram os delírios da razão humana, quando o homem corre após as novidades e, contra as admoestações de São Paulo, se empenha em saber mais do que convém e, confiando demasiado em si, pensa que deve procurar a verdade fora da Igreja Católica, onde ela se acha sem a menor sombra de erro». Contudo, o orgulho tem muito maior força para arrastar ao erro os entendimentos; e é o orgulho que, estando na doutrina modernista como em sua própria casa, aí acha à larga de que se cevar e com que ostentar as suas manifestações.
Efetivamente, o orgulho fá-los confiar tanto em si que se julgam e dão a si mesmos como regra dos outros. Por orgulho loucamente se gloriam de ser os únicos que possuem o saber, e dizem desvanecidos e inchados: Nós cá não somos como os outros homens. E, de fato, para o não serem, abraçam e devaneiam toda a sorte de novidades, até das mais absurdas. Por orgulho repelem toda a sujeição, e afirmam que a autoridade deve aliar-se com a liberdade.
Por orgulho, esquecidos de si mesmos, pensam unicamente em reformar os outros, sem respeitarem nisto qualquer posição, nem mesmo a suprema autoridade. Para se chegar ao modernismo não há, com efeito, caminho mais directo do que o orgulho. Se algum leigo ou também algum sacerdote católico esquecer o preceito da vida cristã, que nos manda negarmos a nós mesmos para podermos seguir a Cristo, e se não afastar de seu coração o orgulho, ninguém mais do ele se acha naturalmente disposto a abraçar o modernismo! – Seja portanto, Veneráveis Irmãos, o vosso primeiro dever   resistir a esses homens soberbos, ocupá-los nos misteres mais humildes e obscuros, a fim de serem tanto mais deprimidos  quanto mais se enaltecem, e, postos na ínfima plana, tenham menor campo a prejudicar. Além disto, por vós mesmos ou pelos reitores dos seminários, procurai com cuidado conhecer os jovens que se apresentam candidatos às fileiras do clero; e se algum deles for de natural orgulhoso, riscai-o resolutamente do número dos ordinandos. Neste ponto, quisera Deus que se tivesse sempre agido com a vigilância e fortaleza que era mister!
Passando das causas morais às que se relacionam com a inteligência, surge sempre a ignorância. Todos os modernistas que pretendem ser ou parecer doutores na Igreja, exaltando em voz clamorosa a moderna  filosofia e desdenhando a Escolástica, abraçaram a primeira, iludidos pelo seu falso brilho, porque, ao ignorarem completamente a segunda, careceram dos meios convenientes para reconhecerem a confusão das idéias e refutar os sofismas. É, pois, da aliança da falsa filosofia com a fé que surgiu o seu sistema, formado de tantos e tamanhos erros.
Quem dera que eles fossem no entanto menos zelosos e sagazes na propaganda destes erros! Mas, em vez disto, é tal a sua esperteza, é tão indefeso o seu trabalho, que deveras causa pesar ver consumirem-se em prejuízo da Igreja tantas forças, que bem empregadas lhe seriam muito vantajosas. Para conduzirem os espíritos ao erro, usam de dois meios: removem primeiro os obstáculos, e em seguida procuram com máxima cautela os ardis que lhes poderão servir, e põem-nos em prática, incessante e pacientemente. Dentre os obstáculos, três principalmente se opõem aos seus esforços: o método escolástico de raciocinar, a autoridade dos Padres com a Tradição, o Magistério eclesiástico. Tudo isto é para eles objecto de uma luta encarniçada. Por isso, continuamente escarnecem e desprezam a filosofia e a teologia escolástica. Quer o façam por ignorância, quer  por temor, quer mais provavelmente por um e outra, o certo é que a mania da novidade neles se acha aliada com ódio à escolástica; e não há sinal mais manifesto de que começa alguém a volver-se para o modernismo do que começar a aborrecer a escolástica. Lembrem-se os modernistas os seus fautores da condenação que Pio IX infligiu a esta proposição (Syll. prop. 13):
«O método e os princípios com que os antigos doutores escolásticos trataram a teologia, não condizem mais com as necessidades dos nossos tempos e com os progressos da ciência». São também muito astuciosos em desvirtuar a natureza e a eficácia da Tradição, a fim de privá-la de todo o peso e autoridade. Porém, nós, os católicos, teremos sempre do nosso lado a autoridade do segundo Concílio de Nicéia, que condenou «aqueles que ousam..., à maneira de perversos hereges, desprezar as tradições eclesiásticas e imaginar qualquer novidade... ou pensar maliciosa e astutamente em destruir o que quer que seja das legítimas tradições da Igreja católica». Teremos sempre a profissão do quarto Concílio de Constantinopla: «Professamos, portanto, conservar e defender as regras que, tanto pelos santos e célebres Apóstolos quanto pelos Concílios universais e locais, ortodoxos, mesmo por qualquer deíloquo Padre e Mestre da Igreja, foram dadas à Santa Igreja Católica e apostólica. Por esta razão os Pontífices Romanos Pio IV e Pio IX quiseram que se acrescentassem estas palavras à profissão de fé: Creio firmemente e professo as tradições apostólicas e eclesiásticas e todas as demais determinações e constituições da mesma Igreja. O mesmo juízo que fazem da Tradição, estendem-no os modernistas também aos santos Padres da Igreja. Com a maior temeridade, tendo-os embora como muito dignos de toda a veneração, fazem-nos passar por muito ignorantes da crítica e da história, no que seriam indesculpáveis, se outros houveram sido os tempos em que viveram. Põem, finalmente, todo o empenho em diminuir e enfraquecer o magistério eclesiástico, ora deturpando-lhe sacrilegamente a origem, a natureza, os direitos, ora repetindo livremente contra  ele as calúnias dos inimigos. À grei dos modernistas quadram estas palavras que muito a contragosto escreveu Nosso Predecessor: «Para atirarem sobre a mística Esposa de Jesus Cristo, que é verdadeira luz, o desprezo e o ódio, os filhos das trevas tomaram o costume de deprimi-la em público com uma insensata calúnia e, trocando a noção das coisas e das palavras, de chamá-la amiga do obscurantismo, sustentáculo da ignorância, inimiga da luz, da ciência e do progresso (Motu-proprio. "Ut mysticam",14/03/1891). Em vista disto, Veneráveis Irmãos, não é para admirar que os católicos, denodados defensores da Igreja, sejam alvo do ódio mais desapoderado dos modernistas. Não há injúria que lhes não atirem em rosto; mas de preferência os chamam ignorantes e obstinados. Se a erudição e o acerto de quem os refuta os atemoriza, procuram descartá-lo, recorrendo ao silêncio. Este modo de proceder com os católicos torna-se ainda mais odioso, porque eles ao mesmo tempo exaltam descompassadamente com incessantes louvores os que seguem o seu partido; acolhem e batem palmas aos seus livros, eriçados de novidades; e quanto mais alguém mostra ousadia em destruir as coisas antigas, em rejeitar as tradições e o magistério eclesiástico, tanto mais encarecem a sua sabedoria; e por fim, o que a todo espírito recto causa horror, não só elogiam pública e encarecidamente, mas veneram como mártir quem quer por acaso for condenado pela Igreja. Movidos e abalados por toda essa celeuma de louvores e impropérios, com o fito,  ou de não passarem por ignorantes, ou de serem tidos por sábios, os ânimos juvenis, instigados interiormente pelo orgulho e pelo amor das novidades dão-se por vencidos e desertam para o modernismo.
Com isto já chegamos aos artifícios com que os modernistas passam as suas mercadorias. Que recursos deixam eles de empregar para angariar sectários? Procuram conseguir cátedras nos seminários e nas Universidades, para tornarem-se insensivelmente cadeiras de pestilência. Inculcam as suas doutrinas, talvez disfarçadamente, pregando nas igrejas; expõem-nas mais claramente nos congressos; introduzem e exaltam-nas nos institutos sociais sob o próprio nome ou sob o de outrem; publicam livros, jornais, periódicos.
Às vezes  um mesmo escritor se serve de diversos nomes, para enganar os incautos, simulando grande número de autores. Numa palavra, pela acção, pela palavra, pela imprensa, tudo experimentam, de modo as parecerem agitados por uma violenta febre. Que resultado terão eles alcançado? Infelizmente lamentamos a perda de grande número de moços, que davam óptimas esperanças de poderem um dia prestar relevantes serviços à Igreja, actualmente fora do bom caminho.
Lamentamos esses muitos que, embora não se tenham adiantado tanto, tendo contudo respirado esse ar infeccionado, já pensam, falam e escrevem com tal liberdade, que em católicos não assenta bem.
Vemo-los entre os leigos; vemo-los entre os sacerdotes; e, quem o diria? Vemo-los até no seio das famílias religiosas. Tratam a Escritura à maneira dos modernistas. Escrevendo sobre a história tudo o que pode desdourar a Igreja divulgam cuidadosamente e com disfarçado prazer. Guiados por um certo apriorismo, procuram sempre desfazer as piedosas tradições populares. Mostram desdenhar as sagradas relíquias, respeitáveis pela sua antigüidade. Enfim, vivem preocupados em fazer o mundo falar de suas pessoas; e sabem que isto não será possível, se disserem as mesmas coisas que sempre se disseram.
Podem estar eles na persuasão de fazerem coisa agradável a Deus e à Igreja; na realidade, porém, ofendem gravemente a Deus e à Igreja, se não com suas obras, de certo com o espírito que os anima e com o auxílio que prestam ao atrevimento dos modernistas.

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